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Morre D’Angelo aos 51 anos após batalha contra câncer de pâncreas |
Michael Eugene Archer, mais conhecido pelo nome artístico D’Angelo, faleceu em 14 de outubro de 2025, aos 51 anos, vítima de câncer de pâncreas.
A família do cantor divulgou uma nota em que afirma que ele lutou de forma prolongada e corajosa contra a doença.
Fontes próximas informam que ele ficou hospitalizado por meses e passou cerca de duas semanas em cuidados paliativos (“hospice”) antes de falecer.
Embora algumas reportagens iniciais especulassem datas diferentes, o consenso atual indica que D’Angelo faleceu em 14 de outubro, e não no dia 13.
A nota da família dizia:
“A estrela brilhante da nossa família apagou sua luz conosco nesta vida. Sentimo-nos profundamente tristes, mas eternamente gratos pelo legado de música extraordinariamente comovente que ele nos deixa.”
A morte de D’Angelo reacendeu discussões sobre o câncer de pâncreas e seu diagnóstico muitas vezes tardio, por ser considerado um dos “cânceres silenciosos”.
Vida, carreira e legado
Origens e primeiros passos
D’Angelo nasceu em 11 de fevereiro de 1974, em Richmond, Virginia (EUA). Filho de um ministro pentecostal, desde criança teve contato com a música sacra e aprendeu piano ainda jovem. Na adolescência, formou grupos musicais locais e começou a chamar atenção pelo talento nos circuitos musicais regionais. Em 1991, participou do “Amateur Night” do Apollo Theater, um evento de revelação de novos talentos. Embora não tenha vencido na primeira aparição, voltou no ano seguinte e se apresentou com sucesso.
Álbums e reconhecimento
Seu álbum de estreia, Brown Sugar (1995), foi amplamente elogiado e se tornou marco no R&B/neo-soul.
Do álbum vieram hits como “Lady” e “Brown Sugar”.
Em 2000, lançou Voodoo, que estreou no topo das paradas (Billboard 200) e ganhou aclamação da crítica.
A música “Untitled (How Does It Feel)” tornou-se icônica, especialmente pelo vídeo minimalista de D’Angelo nu, que explodiu em debates sobre imagem, sensualidade e identidade artística. Ele ganhou prêmios Grammy relacionados a esse álbum e música. Depois de Voodoo, houve um hiato prolongado em sua carreira, marcado por reclusão, desafios pessoais e escassez de lançamentos.
Em dezembro de 2014, voltou com o álbum Black Messiah, recebido com aclamação por sua profundidade, engajamento social e maturidade artística.
Black Messiah conquistou prêmios e é considerado uma obra moderna de referência no neo-soul contemporâneo.
Estilo e influência
D’Angelo era frequentemente citado como um dos pilares do movimento neo-soul, junto de nomes como Erykah Badu e Lauryn Hill.
Sua música mesclava elementos de soul, funk, gospel, jazz e hip-hop, com abordagem intimista, arranjos orgânicos e ênfase nas emoções e na textura vocal. Sua voz era marcada por timbre rouco, profundidade emocional e capacidade de transmitir vulnerabilidade. Influenciou gerações de artistas posteriores que citam sua integridade artística, seu estilo pouco convencional e seu compromisso com a autenticidade.
Desafios pessoais
Ao longo da carreira, D’Angelo enfrentou lutas com vícios, especialmente álcool e drogas. Em 2005, foi preso por posse de cocaína e maconha e por dirigir embriagado. Pouco depois dessa acusação, sofreu um acidente de carro, ferindo-se seriamente, fato que contribuiu para seu afastamento da indústria por um período. Além disso, D’Angelo lidava com a pressão de ser visto como um “símbolo sexual” e com conflitos internos sobre imagem pública e privacidade.
Trabalho recente e projetos incertos
Em 2024, ele participou da música “I Want You Forever”, em colaboração com Jay-Z, que foi lançada como parte da trilha sonora do filme The Book of Clarence. Também se dizia que ele estava trabalhando em um quarto álbum, com a colaboração de Raphael Saadiq. Após seu falecimento, esse projeto agora permanece como uma incógnita: não se sabe se será concluído, lançado postumamente ou como forma de homenagem.
Sobre o câncer de pâncreas
O câncer de pâncreas é um dos tipos mais desafiadores de diagnosticar precocemente, pois seus sintomas costumam surgir tardiamente. As estatísticas mostram que é muitas vezes chamado de “assassino silencioso”.
Alguns sintomas associados (mas nem sempre presentes) são:
- Perda de peso inexplicada
- Dor abdominal ou nas costas
- Icterícia (amarelamento da pele e dos olhos)
- Náuseas e vômitos
- Fadiga crônica
Quando o diagnóstico é tardio, o tratamento torna-se mais difícil. O uso de terapias como cirurgia, quimioterapia ou radioterapia depende do estágio da doença e da condição geral do paciente.
A morte de D’Angelo reacende a atenção para a importância de pesquisas, de diagnóstico precoce e de conscientização sobre essa doença.
Reações, homenagens e legado duradouro
- Imediatamente após a notícia de sua morte, diversos artistas e fãs prestaram homenagens emocionadas. Beyoncé, Lauryn Hill, Tyler, the Creator, Missy Elliott e muitos outros manifestaram admiração e saudade.
- Muitos destacaram que, apesar da escassez de lançamentos nos últimos anos, cada álbum de D’Angelo teve impacto profundo e deixou marca cultural.
- Sua integridade artística, recusa a se conformar com expectativas comerciais e a honestidade emocional em seu trabalho são lembradas como características que o diferenciavam.
- Para muitos fãs e músicos, D’Angelo simbolizava a possibilidade de manter autenticidade e alma em uma indústria muitas vezes superficial. Mesmo com uma discografia relativamente enxuta — três álbuns de estúdio lançados oficialmente — seu impacto é enorme.
Ele também foi citado em rankings de grandes cantores e reconhecido como um artista que transcendia rótulos — frequentemente dizendo que sua música era simplesmente “música negra” em essência.
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