quinta-feira, 13 de março de 2008

Dez anos após morte, Tim Maia ressurge em faixas inéditas

Um dos maiores responsáveis pelo molho suingado feito à base de funk e soul que temperou a música brasileira a partir da década de 70, Tim Maia morreu há exatos dez anos, mas até hoje reserva surpresas. A mais recente delas foi o surgimento, na internet, de cinco faixas inéditas de sua fase “Racional”.

O músico teria abandonado o material em um estúdio de gravação, há cerca de 30 anos.Para ter uma referência, Marote deu às faixas nomes provisórios: “Escrituração racional 1 e 2”, “You gotta be rational”,

“Universo em desencanto disco” e “Brasil Racional”. "Esse material tem valor histórico", diz o produtor. "Estamos falando de faixas de cuja existência ninguém sabia, nem a família do Tim Maia."

"Existe um discurso de que ele fez um trabalho melhor nessa fase porque não estava usando drogas. Mas há um dado importante: ele já havia gravado as músicas quando entrou para a seita. Ele se apaixonou pela filosofia e decidiu modificar as letras", diz. "Mais tarde, houve uma ruptura. O Tim Maia ficou decepcionado e abandonou tudo. Por isso, tem músicas que ficaram mais e outras menos completas."

Outros tins
Para Marote, as faixas inéditas mostram algumas facetas de Tim Maia que o público desconhece. "Em 'Escrituração racional', ele faz uma coisa meio rara, que é cantar em falsete, estilo que ele dominava e que depois abandonou", avalia. "Já em 'Brasil racional' Tim está literalmente lendo o livro sobre uma base funk."“Universo em desencanto disco”, segundo o produtor, marca um momento de transição do músico. "O primeiro álbum 'Racional' é mais soul, o segundo é mais funk, e o terceiro caminharia para a disco. É um tipo de melodia bem 'Dancin' days'", diz.: "O que eu acho mais legal de tudo é as faixas estarem incompletas. É sensacional escutar o Tim Maia conversando com as pessoas no estúdio. Como grande fã, ter acesso a esse material vale muito mais do que se as músicas estivessem perfeitas.

"No ano passado, William Junior passou os tapes para o produtor Kassin, e juntos eles voltaram a trabalhar nesse material e em outras faixas encontradas posteriormente.


  'Coisas fabulosas'

O jornalista Nelson Motta, autor de "Vale tudo - O som e a fúria de Tim Maia", biografia do cantor recentemente lançada, disse que só soube das faixas quando o livro estava pronto."Não conheci as versões mixadas pelo Dudu Marote. Ouvi, sem mixagem, as oito que o Kassin me mostrou", disse Motta, amigo de Tim Maia ao longo de boa parte de sua carreira. "Tem coisas fabulosas, talvez seja o melhor dos três discos [da série 'Racional']".

Cultura Racional

Ao entrar para a seita que tem como base os preceitos do livro “Universo em desencanto”, cuja filosofia mistura elementos de umbanda e crença em extraterrestres, Tim Maia mandou pintar todos os instrumentos de branco e passou um bom período completamente livre das drogas.

A aventura religiosa rendeu dois discos, hoje cultuadíssimos: “Tim Maia Racional vol 1” (1975) e “Tim Maia Racional vol 2” (1976). No repertório, há pérolas como “O caminho do bem” e “Leia o livro”, na qual Tim Maia prega, em inglês: “read the book”. Mas, imprevisível como só o próprio Tim, o músico se desencantou com a seita e mandou tudo às favas, inclusive os álbuns, que foram renegados. Fonte: O Globo

             

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